"Ela é a menina dos olhos distantes e de um sorriso tão frágil quantos seus pulsos finos. Não importa o modo como esteja vestida, vai sempre parecer algo meio menina, meio mulher, que nunca está onde deveria estar. Capaz de tudo, inclusive de chorar no carnaval, sambar na igreja, e ser ácida no natal. O que me intriga nela não é seu corpo magro nem seu cabelo ora escorrido ora revolto, muito menos seu sorriso bonito, que de uns tempos pra cá anda escondido. O que me intriga nela são os olhos, que não importa onde esteja, nunca a acompanham. Estão imersos em uma solidão grande demais pra ser interrompida, ou só sonham com estar em outro lugar, outro alguém, não sei ao certo. São olhos profundos demais pra que se leia sem se afogar neles. E no mar dela não tem ponte, porto, onda fraca quebrando em areia branca, não tem só molhar o pé. Ou se mergulha de vez, em alto mar, ou se contenta em olhar."
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